Eu percebi que você andava estranho, meu filho, quando você parou de sair de seu quarto, ficava o dia inteiro diante do computador, não queria comer, não queria mais conversar comigo, mal dormia, havia se recolhido a um desconhecido mundo interior.
Depois, fiquei sabendo que os filhos de amigos meus também passavam por isto, mas já era tarde demais. Numa manhã de domingo, despertei ao ouvir sua mãe engasgando ao meu lado na cama. Vi você com as mãos esticadas, estrangulando-a, olhar vidrado e boca escancarada.
Parecia que havia sido dominado por alguma entidade diabólica, nem lembrava o meu filho querido, a quem eu tanto amava e havia criado debaixo do mesmo teto por dezessete anos. Só de pensar que você iria para a universidade em poucos meses meus olhos já se enchem de lágrima.